Lugar de mulher é onde ela quiser: profissionais dão exemplo de superação em Marituba

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Adriana é uma das motoristas do quadro da Prefeitura de Marituba

A imagem da mulher dentro da cozinha, usando avental, batendo a massa do bolo e esperando, com um sorriso no rosto, o marido chegar do trabalho, está cada vez mais dando lugar à imagem da mulher determinada, que sai de casa no início da manhã e volta no findar do dia, cansada após um dia intenso de trabalho. “Lugar da mulher é onde ela quiser” é um reforço à postura atual. Nada mais de “sexo frágil”. A cada dia, a mulher conquista espaços e se torna dona dos seus próprios caminhos. O mundo se atualiza e a imagem da mulher, também. Às vésperas de mais um Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia 8 de Março, discutir onde a mulher pode estar ou trabalhar ganha mais espaço, voz e simbolismo.

Em Marituba, as mulheres ocupam muitos espaços que, por muito tempo, eram exclusivamente masculinos, começando pela Prefeitura, que tem Patrícia Mendes na administração, com a pastora Rafaela Santa Rosa como vice-prefeita. Uma gestão feminina, que se torna exemplo em vários segmentos sociais.

No município, há secretárias, professoras, gestoras, enfermeiras, médicas e garis. Uma delas é Adriana Barbosa, 45 anos,  motorista da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Adriana nasceu em Belém e, há 24 anos, se mudou junto com a família para o conjunto Almir Gabriel, em Marituba. A motorista começou no ramo após o incentivo do marido, que trabalha como taxista. Com um pouco de receio no começo, mas há oito anos devidamente habilitada, hoje Adriana acorda às 4h30 para arrumar a casa. Começa a trabalhar às 7h30, e dirige por horas e horas pelas ruas da cidade.

Todo esse esforço ganha uma recompensa maior quando se aproxima o Dia Internacional da Mulher, considerada por Adriana a data em que mais se reflete sobre as dificuldades que o sexo feminino ainda enfrenta nos dias atuais. “É um dia que mostra os desafios que cada mulher passa. Eu mostro para minha filha, de 15 anos, a importância desta data, para que ela possa ter força e uma determinação ainda maior. As pessoas cobram demais das mulheres, e por isso precisamos fazer as coisas da melhor maneira possível”, ressalta Adriana.

Respeito – Mulher também usa farda em Marituba. Na Guarda Civil Municipal, instituída em 2014, Marcela Sousa é um exemplo de superação. Nascida em Belém, é divorciada e mãe de dois filhos. A guarda entrou para a segurança pública porque admirava a farda azul e queria poder ajudar as pessoas. Marcela fala que não tem a pretensão de ser maior ou melhor que os companheiros homens, mas quer ter os mesmos direitos e ser vista com igualdade. “Quero que as pessoas olhem para nós (mulheres) e vejam as mesmas virtudes e condições dos guardas homens. Não quero ser melhor ou maior do que os homens, até porque a mulher não é para ser assim. Porém, quero igualdade”, destaca.

Acadêmica de Pedagogia e com domínio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), a guarda Marcela diz ainda que quer desmitificar a imagem distorcida que as forças públicas de segurança têm na ótica de algumas pessoas. Marcela quer, inclusive, repassar seus conhecimentos em Libras para os companheiros de farda, pois, segundo ela, há casos em que o domínio em Libras é muito essencial. “Em alguns momentos, nós atendemos chamadas que incluem pessoas com deficiência auditiva. Nesses casos, qualquer ação equivocada pode causar algum problema. Quando há essas situações, sempre me chamam. Se tivéssemos mais guardas com noções em Libras, seria o ideal. Estou vendo com a minha chefia esta possibilidade de capacitar os meus companheiros”, informa.

Companheira de Marcela na Guarda Civil Municipal, a guarda civil metropolitana Shirlene Santos, conhecida como Santos na corporação, entrou para a segurança pública de Marituba há sete anos, pois tinha o sonho, desde criança, de entrar para as Forças Armadas, em especial para a Aeronáutica. Em um primeiro momento, não conseguiu o objetivo, então estudou e se formou como técnica em enfermagem. Posteriormente, entrou para a Guarda Civil, e realizou o sonho que tinha em trabalhar na área da segurança.

Segundo Shirlene, a mulher com a farda mostra uma imagem que quebra barreiras e preconceitos. “Quando as pessoas veem uma mulher igual a mim, baixinha e com uma voz fina, pensam que não consigo impor respeito. Mas, quando atuo como guarda e visto a farda, essas mesmas pessoas me olham de outra maneira, e consigo ter o respeito que preciso”, ressalta.

Três histórias que mostram a importância de datas como o Dia Internacional da Mulher e das conquistas já presentes na sociedade atual. E a frase do início do texto – “Lugar de mulher é onde ela quiser” -, mostra-se mais verdadeira e essencial a cada dia.

Marcela e Shirlene impõem respeito como guardas civis municipais

 

 

 

 

 

 

Texto: Luiz Antonio Pinto

Fotos: Wenderson Santos e Vitor Dagort

 

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