Mesmo prejudicada pelo aterro sanitário, Marituba vira referência no Estado em educação ambiental

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Castigada pelos impactos nocivos do aterro sanitário instalado no município, onde são depositadas por dia, em média, 1.500 toneladas de lixo produzidas principalmente por Belém e Ananindeua, Marituba tem investido como nunca em educação ambiental e já começa a colher bons resultados.

As ruas estão mais limpas, os mais de 20 lixões a céu aberto foram praticamente eliminados, os pneus velhos jogados nas ruas foram recolhidos e viraram matéria-prima de projetos de paisagismo e no lugar onde se acumulavam entulhos hoje há canteiros de flores.

“É um trabalho de longo prazo, que também precisa contar com o envolvimento da sociedade e está conectado com a coleta seletiva que estamos implementando no município”, diz o secretário de Meio Ambiente, Ismaily Bastos. “A coleta seletiva contribui com a educação ambiental, ajuda a melhorar a qualidade de vida na cidade e estimula as pessoas a zelar cada vez mais pelo lugar onde vivem”, completa.

O projeto da coleta seletiva de lixo inclui a criação de ecopontos, envolve as cooperativas de catadores, gera emprego e renda, garante destino correto para material reciclável, difunde a cultura ambiental entre crianças e jovens e mostra, na prática, como reaproveitar pneus, caroços de açaí e garrafas pets em projetos de paisagismo que geram renda e ornamentam ruas e escolas públicas.

Até o final do ano, a Prefeitura de Marituba deverá implantar 200 ecopontos por todo o município. Os primeiros modelos já estão funcionando no Viver Melhor, Nova Marituba, Ginásio Poliesportivo e em frente à Semma. Cada ecoponto é um contêiner preparado especialmente para receber a coleta seletiva, fruto do trabalho dos catadores organizados em cooperativas.

Além dos contêineres, a Secretaria de Meio Ambiente está garantindo galpões de triagem, caçambas com motoristas para o transporte dos resíduos, uniformes e equipamentos de proteção individual para os catadores. A coleta seletiva reduz drasticamente a quantidade de resíduos enterrados no aterro da empresa Guamá, que continua causando transtornos para a população. Das 1.500 toneladas de lixo recebidas no aterro, apenas 4% são oriundos de Marituba. Os outros 96% vêm de Belém e Ananindeua.

Em parceria com a Secretaria de Infraestrutura e Desenvolvimento Urbano, a Semma identificou e está eliminando as chamadas “cabeças de lixo”, que são depósitos irregulares no meio da rua. Foram encontrados 22 lixões a céu aberto espalhados pela cidade e 80% deles estão eliminados.

Também havia mais de 70 pontos de descarte de pneus velhos na cidade. Esse material foi recolhido e transformado em matéria-prima para projetos de paisagismo que mudaram o cenário nas escolas e ruas do município. Somente na escola do projeto Viver Melhor foram usados 600 pneus na construção de canteiros e brinquedos.

Com tudo isso, o problema dos resíduos sólidos ainda tira o sono do secretário de Meio Ambiente, por causa dos impactos negativos provocados pelo aterro sanitário instalado em Marituba pela empresa Guamá Tratamento de Resíduos. “A solução para esse problema do aterro sanitário já existe. Temos estudos que indicam a melhor alternativa”, afirma.

Mas a implementação dessa solução não pode ser isolada. Por determinação do Ministério Público, que intermediou um Termo de Ajuste de Conduta firmado entre Marituba, Belém e Ananindeua, é necessário primeiro criar um consórcio entre essas prefeituras para só então implantar a solução definitiva, antes do encerramento do aterro sanitário, marcado para junho do ano que vem.

Na manhã desta quinta-feira, 12, este assunto deverá voltar à tona durante a audiência convocada pelo desembargador Luiz Gonzaga da Costa Neto para tratar do reajuste no preço pago à Guamá por tonelada de lixo. Além do perito designado para o trabalho de precificação e dos representantes da empresa e do Ministério Público, deverão estar presentes os representantes das prefeituras de Belém, Ananindeua e Marituba.

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