No próximo dia 21 de abril Marituba completa 29 anos de emancipação. A cidade nascida dentro do processo de ocupação e desenvolvimento da região Amazônica reúne atualmente, segundo estimativa do IBGE, mais de 135 mil pessoas com diversas histórias de força e superação, marcas de um povo guerreiro que aqui reside.
A elevação de Marituba à categoria de município refletiu ao anseio da população que desde 1983 buscava por autonomia. Foram três movimentos emancipacionistas: o primeiro, em 1983; o segundo, em 1991; e o último, em 1993, com Fernando Corrêa e Eládio Soares à frente do movimento. Somente em 1994 ocorreu o plebiscito emancipatório de Marituba.
Apesar da emancipação do município ter acontecido em 1994, Marituba teve origem a partir da Vila Operária na década de 1900 e até meados da década de 1940 a economia local era pautada nas atividades comerciais de apoio à ferrovia e numa incipiente agricultura de subsistência.
Cidade acolhedora – A efetiva expansão da vila é consequência da chegada dos primeiros comerciantes, cujos empreendimentos contribuíram para a conformação do núcleo urbano de Marituba e até hoje o município continua sendo referência como uma cidade acolhedora recebendo pessoas de vários locais do Brasil.
Como o comerciante Raimundo do Carmo que começou a sua história em Marituba há 30 anos quando saiu do interior do Ceará a procura de uma vida melhor no município. “Foi aqui em Marituba que eu comecei a minha trajetória como comerciante. Gostei muito desta cidade, comecei a trabalhar no Mercado Central do município e aos poucos comecei a progredir. Esta é a cidade que eu amo de coração foi aqui que montei minha família e daqui não saio mais porque tudo o que tenho hoje dou graças a esta cidade”, disse.
A Colônia – A Colônia de Marituba, local onde foi construído um espaço para abrigar pacientes hansenianos, nos anos de 1930, também é um forte marco para a cidade. O local foi fechado em 1986 por conta da grande segregação e internação compulsória que ali era realizado.
Atualmente, ainda permanecem na estrutura do que era a colônia cerca de 200 pessoas que viveram a segregação como o atual Coordenador em Marituba do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Edmilson Picanço. Ele conta que a sua história em Marituba começou quando nasceu no ano de 1972, em plena época de segregação compulsória pela Hanseníase.
“Isso me marcou muito porque na época todo filho de pessoa que tinha Hanseníase era separado de seus pais e enviado a educandários, escolas, creches ou outros a familiares, por meio de adoções legais e ilegais”, afirma.
Segundo ele, dentro dos educandários as crianças sofriam todo tipo de injustiças, maus tratos e aliciamento e foi somente após a vinda do Papa João Paulo II a Marituba, em 1986, que as coisas começaram a melhorar com a desativação da Colônias e ele pode voltar ao convívio dos pais aos 8 anos.
“Em 1990, ingressei no Morhan como voluntário e hoje sou coordenador deste movimento e posso dizer que uma nova história começou a ser desenhada em Marituba a partir do Morhan porque a gente passou a lutar pelos direitos das pessoas acometidas pela Hanseníase que no passado ou ainda hoje sofrem com a segregação e preconceito”, disse o coordenador do Morhan Edmilson Picanço.
Da Redação Comus
Fotos: Ary Brito